7 de maio de 2008

Padre Max, “Não te mataram, semearam-te”

As cadeiras do Bloco ficaram vazias no minuto de homenagem ao Cónego Melo. Esta sexta-feira (dia 2) ficou marcada por uma situação inédita no parlamento português: o CDS propôs um voto de pesar pelo falecimento do cónego Melo, uma figura ligada aos movimentos de extrema-direita que a seguir ao 25 de Abril organizaram atentados bombistas contra militantes de esquerda. Veja aqui o vídeo da intervenção de Luís Fazenda e da votação que se seguiu.

O clérigo, que pertencia ao sector mais reaccionário da igreja, adquiriu enorme notoriedade pelas suas fortes convicções anti-esquerdistas no pós-25 de Abril associando-se a movimentos armados de extrema-direita, ligados a António de Spínola, cujos membros Cónego Melo terá escondido num seminário de Braga onde foram apanhados pelo Copcon, um organismo do MFA, Movimento das Forças Armadas.

Esta direita reaccionária levantou o pânico através dos seus actos terroristas, destruindo, assaltando, incendiando as sedes de partidos de esquerda, provocando atentados bombistas.

No meio das vítimas encontramos o Padre Max e Maria de Lurdes Pereira ambos assassinados num ataque terrorista provocado pelo sinistro Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP). Maximiano Barbosa de Sousa, conhecido como padre Max, 32 anos, e a estudante Maria de Lurdes Pereira, 19 anos, morreram em 2 de Abril de 1976 quando o carro em que seguiam foi alvo de um ataque bombista, entre a Cumieira e Vila Real. O padre e professor de ensino secundário, que promovia a alfabetização de trabalhadores, era então candidato independente a deputado nas listas da UDP.

Há dois anos, e 30 anos depois, o assassinato do padre Max foi recordado no Porto numa iniciativa do Bloco de Esquerda. Francisco Louçã afirmou nessa iniciativa que os tribunais foram "silenciosos, negligentes e muitas vezes incompetentes" quando julgaram o assassinato do padre Max, "porque não queriam investigar e levar o processo às últimas consequências". De facto, o caso foi julgado duas vezes, uma em 1997 e outra dois anos depois, nunca tendo havido uma condenação, apesar do tribunal ter pela primeira vez atribuído o homicídio ao MDLP.

Fechamos esta pequena homenagem a padre Max, com as suas próprias palavras que se querem semeadas:

Servir o Povo e nunca se servir dele”.



BEVR

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