2 de maio de 2008

Viticultores saíram à rua em defesa da Casa do Douro


Cerca de 200 viticultores do Douro concentraram-se no dia 1 de Maio num convívio seguido de manifestação, pelas ruas de Vila Real, em defesa da Casa do Douro (CD) e contra o poder «discricionário» do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto».


Há muito que as relações entre Casa do Douro e Instituto dos Vinhos do Douro e Porto andam azedadas. Depois da polémica relacionada com o cadastro (registo exaustivo de todas as vinhas da região demarcada), com o IVDP a quebrar o protocolo que era renovado anualmente, usando os dados do ano passado para o processo de vindima de 2008 (a Casa do Douro perde assim 800 mil euros anuais de receitas), foi a vez da polémica das letras. O benefício é atribuído mediante uma classificação na ordem descendente, por A, B, C, D, E, F. O presidente do IVDP Jorge Monteiro defendeu em tempos, a atribuição de benefício prioritariamente às vinhas com classificação mais elevada. Recentemente foi divulgado um plano estratégico do IVDP, que vai no mesmo sentido, o que motivou a revolta.

Os manifestantes foram recebidos pelos presidentes das Câmaras de Vila Real, Régua, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Murça e Alijó, na Associação de Municípios do Vale do Douro Norte. Nuno Gonçalves, presidente da Associação disse "o problema da viticultura duriense também nos diz respeito pelo seu carácter social. Infelizmente pedimos uma audiência ao ministro da Agricultura em Janeiro e enviamos-lhe um documento subscritos por todos os autarcas da região demarcada (22), e até agora não obtivemos qualquer resposta".

Fernando Columbano justifica a sua participação na manifestação dizendo: "estou aqui pela minha sobrevivência, mas também pela dos outros. Eu tenho 500 hectares, mas quem tem cinco litros, dez, 50 ou 100 de benefício (montante de apoio atribuído anualmente às vinhas onde se produz vinho do Porto), deve continuar a ter. Todos temos direito a viver e não ver os nossos filhos a fazerem as malas para irem ganhar a vida noutros destinos", disse.

As queixas dos produtores contra o "autoritarismo" do IVDP sucedem-se e a Casa do Douro aguarda o desfecho de três acções judiciais, interpostas no Tribunal Administrativo de Mirandela contra o instituto público.

Uma das questões que mais polémica tem causado está relacionada com o cadastro, que contém o registo exaustivo das vinhas da região bem como das suas características, desde altitude, exposição solar, castas e outras.

Até à última vindima, a CD cedia as informações ao IVDP, recebendo uma comparticipação financeira mas, em Dezembro, o instituto renunciou ao protocolo e pretende preparar a próxima vindima com recurso aos dados facultados até ao final do ano passado.

Em resposta a um requerimento dos deputados no PSD na Assembleia da Republica, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, afirmou que o IVDP é um "legitimo utilizador" dos referidos dados.

Manuel António Santos contesta e acusa o instituto público de "delapidar" a Casa do Douro.

Fonte: Lusa e Jornal de Notícias

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